FLUP – FEIRA LITERÁRIA DE UBURUÇÁ PAULISTA

O Dr. Maquigrégor Souza,
em sua recente passagem pelo país.



No Brasil é assim: basta que algo faça sucesso para logo em seguida surgirem congêneres copiando-lhe a fórmula e almejando o mesmo resultado. Com a FLIP – Festa Literária Internacional de Parati, não foi diferente. Em sua esteira vêm surgindo dezenas de outros eventos, não tão visados pela mídia mas de notável magnitude pelo nível dos fóruns de discussão e pelo quilate dos autores convidados. Um desses eventos, é forçoso admitir, sobrepuja a repercussão daquele que lhe deu origem. É o caso da FLUP – Feira Literária de Uburuçá Paulista. E provo o que digo com dois singelos exemplos, que recolhi in loco.


Balas Perdidas – Uma saída para o problema, de
Manuel de Lontras, Ed. Manancial Dantesco, 171 páginas.

Todos somos testemunhas da avassaladora invasão dos cinemas do tipo multiplex, com suas poltronas de astronauta e suas mega-popcorns, abocanhando da noite para o dia fatias homéricas do combalido mercado exibidor nacional. É sobre a crueza desse panorama, responsável pela bancarrota dos pulgueiros do centrão, que Manuel de Lontras tece seu instigante ensaio. Com a automatização dos processos de projeção dos filmes e de manutenção das salas exibidoras, a figura do outrora popular “lanterninha” foi sumariamente abolida. Como conseqüência, as balas e outras guloseimas, quando entornadas sobre o carpete escuro das salas, não podem mais ser recuperadas. Isto posto, o autor sugere que se amplie a potência das lâmpadas dos avisos de “Saída” dos cinemas, de tal maneira que, com o ganho de luminosidade, mesmo o mais míope dos cinéfilos e os casais cegamente apaixonados consigam resgatar sem alarde os seus confeitos do solo. O ensaísta adverte, no entanto, que as balas recuperadas só devem ser consumidas se conservarem suas respectivas embalagens (e após, evidentemente, a retirada das mesmas). Caso contrário devem ser atiradas ao lixo, se houver algum visível no cinema em questão.


A revolucionária dieta dos sólidos e dos líquidos, de Whalter T. Maquigrégor Souza, Ed. Nêutron Books, 932 páginas.

Clássico instantâneo desde a primeira edição, vinda a lume em meados do ano passado, este baluarte da moderna literatura neozelandesa tem sua viga mestra calcada no argumento de que uma dieta eficaz não pode ser exclusivamente baseada em líquidos, tampouco em sólidos, e sim no corte radical e simultâneo de sólidos e líquidos. Já os gasosos, sustenta o autor, podem ser consumidos sem mãos a medir, à exceção dos vapores exalados pelas churrascarias com sistema de rodízio.

Comenta-se à boca pequena, nos circuitos editoriais da Oceania, que o autor se debruçou tão profundamente sobre seu objeto de estudo que acabou por lesar a região lombar, em virtude do extremismo das posições adotadas. Polemista notório, Maquigrégor classifica a dieta da lua, a dieta da sopa, a do espinafre e a dos cacos de vidro como embustes de ação inócua no organismo humano, e que tais logros deveriam ser punidos com a detenção de seus inventores.

No capítulo que trata de atividades físicas como auxiliares do regime alimentar, o volume traz informações peculiares, com recordes de várias modalidades ainda pouco difundidas. Dentre elas o autor destaca a prática de arremesso de macaúbas, também conhecida como macaúba-ao-cesto entre os nativos da região da Serra da Mantiqueira.
Os três cinturões mundiais da modalidade desde 1986 cingem a cintura de Lauro Augusto Bittencourt Borges, comedor compulsivo do fruto e bancário nas horas vagas.

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