JOGO DE CARTAS


 



De cara, posso antecipar com segurança que você pensou errado. Não se trata de buraco, pôquer, blackjack, truco, pif-paf, rouba-monte ou outro jogo onde se utilizam baralhos. É xadrez. Mais especificamente, é o chamado xadrez epistolar ou postal, quando dois enxadristas, vivendo em diferentes locais do planeta, movem suas peças por meio de cartas enviadas um ao outro via correios - o que faz com que semanas e até mesmo meses separem um lance do outro. A modalidade é centenária e a movimentação das peças, nos primeiros séculos de prática, podia ser feita também através de mensageiros a cavalo, pombos-correio e telégrafo.



Uma típica partida de xadrez epistolar costuma durar meses e até anos. Recebida a correspondência contendo a jogada do oponente, o jogador da vez tem alguns dias para analisar e definir o movimento de resposta. A mais longa destas batalhas, pelo menos dentre as que foram oficialmente acompanhadas, se estendeu por 53 anos. E não chegou a terminar, pois um dos jogadores morreu antes do xeque-mate.



Acredite se quiser. Mais de meio século para que a partida acabasse em um melancólico empate!



Mas se o xadrez epistolar não é um jogo que costuma provocar espetaculares descargas de adrenalina, outros torneios com praticantes remotos, espalhados pelos quatro cantos do globo, estão ganhando espaço e adeptos a cada dia.



Benjamin Hidden, presidente da Associação Dinamarquesa dos Jogadores de Esconde-Esconde, relata nas últimas semanas uma procura descomunal pela modalidade eletrônica do jogo. Tamanho interesse exigiu que se criasse às pressas uma sub-associação, a ADJE-E-e (Associação Dinamarquesa dos Jogadores de Esconde-Esconde-eletrônico). Para participar, o interessado deverá possuir câmera de segurança ligada nas imediações de sua residência, a fim de que os outros competidores consigam, remotamente, localizar o seu esconderijo.







Esta é uma obra de ficção.

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