DANILO AOS DOMINGOS






(Para ser lido após "Fernanda aos sábados")



Sete e quinze

A boca seca e com gosto de cabo de guarda-chuva. Aperta com força o resto de creme de barba no tubo. Joga um pouco de água gelada na nuca para ver se espanta a ânsia. O que se passou entre a saída da casa dela e a volta para a sua, só perguntando a alguém. Da próxima vez já sabe: depois do sexo e do álcool, junk food na veia - e rápido. Nada de comida japonesa.



Sete e vinte e três

No lóbulo da orelha esquerda, em lugar de batom, achou um machucadinho com uma casca seca de sangue. Ela é o Tyson atacando o Holyfield quando está querendo muito.



Nove e dez

Um blend de uísque com energético. Para os excessos de álcool, mais álcool. Tropeça sem saber se é efeito da ressaca ou do novo pileque. Pede para a Alexa tocar Hound Dog.



Meio dia e cinquenta e dois

Ligam da portaria, entrega da 5àSec. E aquele peixe cru subindo e descendo, sem se resolver. Nunca mais. Nunca mais mesmo.



Uma e quarenta

Só mais uma dose para afogar de vez o peixe ainda vivo no aquário do estômago.



Quinze e trinta

Danilo dorme.



Dezenove e cinco

Danilo ronca.



Vinte e duas e vinte

Danilo vira-se para o outro lado da chaise e ronca mais alto.



Vinte e três e cinquenta e seis

Acorda. Amanhã vem a segunda e seu nojo tedioso. Mas qualquer segunda é um alento quando a ideia é livrar-se do domingo à noite.





Esta é uma obra de ficção.

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